Conversas de Autocarro #1

Eu sou estranha nalgumas coisas. Mas espero que seja um estranho-bom. Porque quando eu for velhinha espero cruzar-me com pessoas estranhas como eu.

Digo “Bom Dia” ao condutor de autocarro, mesmo que ele não me responda, e às vezes falo com desconhecidos. Como estas conversas acontecem mais-ou-menos frequentemente, quero guardá-las com carinho. Porque se não fizeram a diferença para mais ninguém, fizeram para mim.

Na segunda-feira, sentei-me ao lado de uma senhora de idade bastante avançada. Sentei-me e até fiquei a pensar “será que devia ter dito “com licença”? Tínha-me ficado bem.”. Passado algum tempo ela dirigiu-me uma pergunta:

– Hoje é sábado?
– Desculpe?
– Hoje é Sábado, não é?
– Ah, não, não. Hoje é segunda-feira.
– Aaah! (riu-se) Sabe como é quando uma pessoa não tem o que fazer os dias são todos iguais!
– É verdade, quando estou de férias também não sei muito bem que dia da semana é. Só sei porque hoje fui trabalhar.

Ela riu-se mais. Tocou-me no braço. Podia ver-lhe nos olhos que ter alguém com quem conversar fazia toda a diferença. Continuou:

– E hoje nem fui almoçar ao sítio onde costumo ir porque pensava que era Sábado.

Sorri, também não sabia bem o que acrescentar. Ela recomeçou uma nova linha de conversa:

– Já se nota a diferença nos autocarros, com o regresso às aulas…
– Pois, já vai mais cheio. Podiam eram pôr mais autacarros a passar.

Ora bem, o que fui eu dizer. O que se seguiu foi uma discussão animada sobre o estado do país, a passividade do povo, uma carreira como professora, o tempo no estrangeiro (Canadá) e o marido não ser português. Contou-me que não gostava do inverno porque os dias acabavam tão depressa.

No fim, quando lhe disse que ia sair naquela paragem, tocou-me mais uma vez no braço. Sorriu-me do fundo da alma. Disse numa voz doce – como só aqueles que sabem o verdadeiro sentido da gratidão têm:

– Um bom resto de dia. Felicidades e boa sorte para o resto do dia e… olhe… para sempre.
– Obrigada e igualmente!

Por vezes, o assunto não tem qualquer importância. Sou da opinião firme que os pequenos gestos – sobretudo aqueles que são pequenas dádivas de atenção – podem fazer a diferença.

The (not so) bright side

Para não andarem para aí a dizer que eu só me queixo. Venho aqui deixar as coisas boas que a falha da EDP  – e os consequentes 3 dias sem eletricidade em casa – provocaram.

  1. Humor
    Depois de muito refilanço, uma pessoa tem de se rir. E tem de gozar. Foi o que fiz.
  2. Passeios à lua
    Como não adiantava de nada ir para casa, não tendo eletricidade, acabámos por dar vários passeios pela nossa zona de residência – por sinal, bem bonita. E visitar o terraço do Maat, por exemplo, qua andávamos a adiar desde o início do verão. Como era de noite e um dia de semana, tivemos o privilégio de estarmos lá em cima sozinhos.
  3. Jogos à luz das velas
    Munidos de velas, passámos algum do tempo a jogar cartas (Guillotine) à luz das velas. Um bocadinho do feeling de campismo com as luzes fracas.
  4. Conversar
    Sem internet, sem televisão, sem um estar a cozinhar e outro a pôr a mesa… houve espaço para falarmos. Mesmo sem assunto.

Lembro-me de quatro, mas sei que na altura agradeci muitas outras coisas. Tudo no meu esforço de olhar para o “bright side” às escuras. Porque às vezes, temos de nos esforçar para conseguir ver para além dos problemas.

EDP – ou Estávamos De Pirraça

Bom, esta terça-feira devia ter começado de forma tranquila.
Melhor que a segunda. Foi pior. E já adivinham porquê.

Long story short: estou sem eletricidade desde as 8h da manhã e já me disseram que não é hoje que a vou ter. 

Long story long: em Agosto liguei para EDP pedi para fazer a mudança de nome no contrato da eletricidade da nova casa, eles disseram sim, senhor, não se preocupe, foram lá no dia seguinte e tudo. Impecável.

Achávamos nós. 

Quando hoje fiquei sem eletricidade, liguei para a EDP para tentar perceber o que se passou. Qual não é o meu espanto quando percebo que nem sequer tinham registo do pedido do contrato. Só para recapitular: houve uma chamada e houve um senhor que foi efectivamente ligar a eletricidade lá a casa!

Corta para 6214852498 chamadas depois e a conversa é a mesma. Já está o pedido feito de um novo contrato. Não pudemos mudar o nome, porque o corte foi por anulação de contrato anterior. Estão a analisar, vai demorar. Hoje não é de certeza. 

Já vos escrevo este post abatida pelo cansaço. Conversas repetidas, longos períodos de espera pelo meio dos telefonemas sem nada mudar. Não posso dizer que o apoio esteve mal, porque foram simpáticos e expeditos. Mas houve um erro que não foi do consumidor e é o consumidor que se lixa. Houve alguém que errou nas operações do lado da EDP e o prejudicado é o utente pagante.

A minha questão é: como? Como é que num mundo altamente digital não se resolve um problema tão básico num dia! Já nem digo em poucas horas…. que sejam muitas horas, mas no mesmo dia! Mais ainda: como é que não se resolve o mais rapidamente possível um problema que foi causado pela incompetência de um/a funcionário/a da empresa?

Claro está que liguei logo de seguida para a EPAL, não fosse o caso repetir-se. Caramba, já ia ser azar a mais. Tudo bem, não há stresses, asseguraram-nos.

Durante o dia fui passando pelas várias fases: negação, raiva, revolta, aceitação, tristeza. Qualquer coisa assim. Fiz muitas perguntas, repeti à exaustão o absurdo da questão, mesmo sabendo que quem está do outro lado do telefone pouco ou nada pode fazer para alterar algo tão profundo no ADN destas empresas: a impunidade da imcompetência. 

Enfim. Os passos seguintes serão reclamações formais. As que puder, nos canais que conhecer.

Por hoje é pensar em soluções alternativas e ir comprar velas. Que seja pelo bem do romance!  

 

Estamos cá para isso.

Agosto chegou e voou. Nem me perguntem como, juro que mal o vi.

Trouxe uma nova casa e um velho emprego. Uma mudança de país e muitas contas para fazer. A Suécia ficou para trás por uns tempos e regressámos de vez a Portugal, como já andávamos a pensar há uns meses. Sim, foi um filme arranjar casa. Sim, está pela hora da morte.

Só que eu tenho uns super-pais e um super-namorado que foram incansáveis e que trataram de tudo quando eu já estava a trabalhar. E agora, eu e o sueco somos os felizes (e pobres) arrendatários numa casa numa zona calminha, perto de uma zona hiper turística, com uma varanda da qual se vê o Tejo. É uma casa muito engraçada com dois senãos: chão em mosaico branco – a sério, quem é que se lembra de fazer uma casa inteira assim? – e paredes de papel. O vizinho vai tomar banho? Parece mesmo que o está a fazer na nossa casa de banho.

De qualquer forma, estes dois senãos (chamo-lhes senãos para não lhe chamar problemas) estão a ser processados e trabalhados com as soluções que há. Aos poucos a coisa vai lá. Tem de ir. Sobre as sessões de “cama a chiar” dos vizinhos de cima falamos num outro dia. Num outro dia em que eu não tenha acordado às 4h da manhã com esse belo som. 

Mas não vim cá só queixar-me… Mentira. Foi isso mesmo que vim aqui fazer. E ninguém pode falar em queixas sem mencionar a Carris e os seus horários fantamasgóricos, no sentido em que não vale muito a pena acreditar neles para não andarmos sempre nervosos.

Agora perguntem-me lá: já tens saudades da Suécia? Tenho saudades de algumas coisas. Do isolamento das casas em geral e dos transportes públicos, em particular.

É seguir em frente, com o necessário ajuste de expectativas e aproveitar o bem que sabe estar perto dos amigos e mais perto da família. Estamos cá para isso. 

Fácil é stressar

O difícil é simplificar.

Nos últimos dois anos que passei na Suécia tive de aprender muitas vezes a descomplicar e a digerir o stress. Porquê? Porque tinha tempo para o fazer. Lembro-me de uma rotina de vida em que o stress era uma constante tão presente que na verdade não tinha tempo para parar e descomplicar, partir os bocadinhos de stress, olhar para as tarefas e transformá-las em coisas pequenas, desafios… em vez de monstros papões.

É tão fácil encolhermo-nos perante os bichos papões. É mais fácil fugir, andar pequenino e continuar a stressar com tudo.

O difícil é simplificar, o difícil é parar, respirar e pensar nas tarefas, nos acontecimentos e mudar-lhe a luz. Proponho-vos um exercício.

Pensem em algo que vos esteja a stressar – um medo, um acontecimento, etc (há sempre algo a stressar-nos) – e imaginem que pegam nele com a vossa mão e o viram à vossa frente, olhando para ele, mudando-lhe a luz, virando-o ao contrário. Mudem a perspectiva. Retirem-lhe a roupa da importância, digam “já passou” e “não há-de ser nada”. Respirem fundo e siga, partam as grandes tarefas em grandes vitórias e se não for tudo muuuuito mais fácil, pelo menos vai ser um bocadinho mais fácil, garanto.

Esta manhã podia ter sido o começo de um dia de stress.

Por uma confusão de madrugadas e noites e datas, deixei uns amigos à minha espera na estação de comboios durante umas horas. Acordei em pânico com as mensagens deles (que não estavam nada stressados, também por estarem de férias!) e acabei por me encontrar com os meus pais, os dois atrasados para ir trabalhar.

Tivemos de trocar de carros, sair ao mesmo tempo, abrir portão, sairem carros, fechar portão, cada um a ir para o seu lado. Os meus pais preocupados que eu fosse a conduzir que nem uma maluca (não fui!) e eu preocupada porque os fiz atrasarem-se mais.

No regresso a casa, ao tentar ligar à minha mãe para avisar que chegámos bem, ouvi o telemóvel a tocar na sala ao lado. Liguei-lhe para o trabalho (depois de ter ligar para uma colega de férias fora do país) e ela ainda tinha mais uma história potencialmente stressante para contar, mas em vez de ficarmos de coração apertado, rimo-nos de tudo.

Eu tinha/tenho muita coisa para fazer, coisas que andei até a adiar no fim de semana, mas sentei-me, com os meus dois guardiões deitados ao meu lado e percebi que os bichos papões afinal não nos querem comer. É só mais fácil que os deixemos ter esse papel.

E sim, devia estar a fazer o que tenho para fazer em vez de estar a escrever este post, mas o fácil é stressar. O difícil é simplificar, mudar de perspectiva, descomplicar e fazer. E agora que já descompliquei, vou fazer.  

 

Angel de la Guarda

Ontem foi dia de viagem. Primeiro de autocarro e depois de avião.

Preparada para passar 4 horas fechada no autocarro, não evitei estar atenta ao que se passava dois bancos à minha frente.

Uma rapariga despedia-se do pai, que estava visivelmente nervoso com a viagem. Tudo em espanhol, que consegui perceber. A cena afligiu-me e, como é típico, fiquei na dúvida entre dizer alguma coisa ou ficar na minha e assumir que não era nada comigo.

Mas como alguém que já passou por muitas despedidas do tipo, não consegui ficar quieta e calada. Levantei-me e perguntei à rapariga se podia ajudar, já que eu sabia onde era a paragem. Falei inglês, ela perguntou se eu falava sueco (em sueco), ao que eu respondi na mesma língua que sim e acrescentei num espanhol arranhado que era portuguesa. Foram 10 segundos de conversa com três línguas à mistura, não sei como é que o meu cérebro não fez curto circuito.

Não obstante, ela agradeceu-me fervorosamente, acrescentou que o pai falava português/brasileiro e eu acedi a fazer companhia ao pai até ao aeroporto. Foi um compromisso de quatro horas, que passaram depressa.

Com 59 anos de existência (o dobro da minha), Edmundo tem 4 filhos espalhados pelo mundo, enquanto ele é o único a viver ainda no Uruguai, a trabalhar como contabilista. A ex-mulher e a filha mais nova vivem em Gotemburgo, um dos rapazes estuda engenharia em Estocolmo e outro está a fazer doutoramento em literatura ibero-americana em Nova Orleãs. A filha mais velha, casou-se no ínicio do mês em Barcelona e foi lá que esteve a família reunida. Antes de nos cruzarmos, viajou pela europa com a companheira actual, que já percebe alguma coisa de inglês. “Antes bastava saber falar francês, a língua central da europa era o francês, que eu sei, mas agora é o inglês e eu tenho de aprender.”

Durante a viagem aproveitou para ligar aos filhos pelo whassap. A conversa em espanhol não foi mistério para mim: disse-lhes que tinha encontrado “una muchachita portuguesa” e que eu era o seu anjo da guarda, “que me sinto como en casa”.

Perguntou-me se acreditava em deus. Fugi à questão com medo de o desiludir. Fez a mesma questão à filha mais velha quando lhe contou que alguém o ia ajudar a chegar ao aeroporto sem problemas, “ahora ja lo crees en deus?” ela respondeu que acreditava no karma, que ele tinha sido gentil com o mundo e que o mundo estava a retribuir. Disse-lhe que concordava com a filha.

Com medo que eu não tivesse percebido e quiçá por querer ter a certeza que ficava dito, voltou a assegurar-me que eu era o seu anjo da guarda. Ofereceu-me um pequeno cartão com a história de um santo que ele tinha na carteira: Bento Álvaro del Portillo. Pediu-me para não o perder e eu guardei-o entre a capa e o telemóvel. Ainda lá está.

Disse-me que era fantástico perceber o meu português, porque um dia tentou ver um filme em português de portugal e não conseguiu, teve de pôr legendas. Contou-me que gosta de Fernando Pessoa. Recitou-me um ou dois versos de um poema de Alberto Caeiro, sobre “o rio da minha aldeia”. Acho que era este. Disse-me que gostava de Roberto Carlos e Vinicius de Moraes e que queria que o Uruguai fosse parte do Brasil. Explicou-me que tenciona aprender inglês e que o filho que mora em Nova Orleãs, sendo professor de inglês e espanhol prometeu ensiná-lo, mas não tem tempo.

Falou-me da cidade Colónia de Sacramento, no sul do Uruguai, um lugar que conserva ainda a influência da colonização pelos portugueses. Que há uma rua, chamada Rua dos Suspiros, se mantém exactamente como era dantes.

Durante toda a conversa percebi a importância que dava à educação dos filhos. Queria-os a todos formados. Explicou que desde sempre, lá em casa fez questão de ter a parabólica virada para o Brasil, de forma a apanhar a tv brasileira. Assim, ouviam futebol brasileiro, novelas e outros programas e aprenderam a língua. Pelo que percebi, todos na família sabiam falar pelo menos três línguas. E no entanto ali estava eu, a sentir-me tão importante por poder fazer a ponte entre o sueco e o inglês para alguém que não conhecia estas línguas e aquela zona geográfica.

Eu, que nessa manhã tinha pedido ao Oscar para me escrever num papelinho os passos para entrar no aeroporto e fazer um desenho com o esquema – já que mudaram a paragem do autocarro. Eu, cheia de medo de me perder só porque ia ter de sair numa paragem que já tinha visto várias vezes mas onde nunca tinha saído. E a verdade é que quando saímos na dita paragem, tal era a minha concentração em guiar o meu protegido que não precisei se olhar para o papelinho. Papelinho esse, que continua no bolso de trás das minhas calças.

Foi uma viagem de sorrisos. Ele estava feliz por se sentir menos nervoso, eu estava feliz por poder ajudar. A certa altura, confessou-me que achou os suecos frios, que os latinos respondem quando alguém diz “bom dia” e que em Estocolmo sentiu falta disso.

Fui explicando partes da minha vida também, ele ficou particularmente surpreendido com a minha idade e com o facto de eu ainda não estar noiva, não estando estes dois relacionados. Garantiu-me que não há melhor coisa para um pai do que ter os filhos por perto, quando soube que eu ia a caminho para encontrar os meus. Mas na maioria do tempo eu quis ouvir, mais do que falar. Curiosa, caça-histórias, chamem-me o que quiserem.

Depois de o guiar para o terminal certo e de o ajudar a ligar o telemóvel à internet do aeroporto, despedi-me. Quis confiar que a partir dali ele ia conseguir encontrar o seu caminho. Tinha viajado por Londres, Barcelona e Paris não muito tempo antes, confiei que os aeroportos já não o assustavam. De qualquer forma sabia que ele tinha a app do google translate no telemóvel, “esta era a minha arma se não tivesse encontrado você” disse ao apontar para o símbolo no ecrã.

Segui o meu caminho pelo resto do dia, mas não consegui evitar estar atenta à informação do voo que ele ia apanhar. Atrasou uma meia hora, mas acredito que esse tenha sido o único precalço. Fiquei com o nome dele para o poder adicionar no Facebook. Quando tiver tempo  vou-lhe perguntar se correu tudo bem e sugerir a app Duolingo para ele começar a aprender inglês, enquanto o filho não lhe dá umas aulas.

Isto não era para ser sobre etiquetas

É-me muito desconfortável estar triste. Não gosto. É como usar uma camisola daquelas que picam. É como ter a etiqueta do pijama a arranhar-me o pescoço.

Sabem o que faço às etiquetas? Arranco-as. Na maioria das vezes, não tenho pachorra para tirar a camisola e cortá-las com cuidado. Então faço um exercício mental: “gosto assim tanto desta peça de roupa, que não possa viver com uns buraquinhos causados pela violência que estou prestes a cometer?” Tenho notado que nos últimos tempos a resposta é sempre negativa, por isso… puxo. Com força. E acabo com aquele toque incomodativo na minha pele.

Queria poder fazer isso com estados de espírito. Arrancar etiquetas tem um quê de libertador e gostava de poder ter uma sensação similar, a nivel mental. Agarrar a tristeza com as duas mãos e puxar com força, amachucar e deitar fora. E mais. O que eu queria mesmo era poder esticar os braços e agarrar as “etiquetas” das outras pessoas e arrancá-las pelas raízes feitas de linhas de algodão ou poliester.

Dizem-me que estar triste é natural, que faz parte do ser humano. Bem sei, mas ter mãos, vontade e força suficiente para arrancar etiquetas também. Porque é que não podemos aplicar o método nesta condição? Dizem que temos de decidir ser felizes e dou por mim a pensar com muita força “agora já não vou estar triste, acabou-se. Agora vou ser feliz, vou agradecer por tudo o que me acontece e ver sempre as coisas boas. Vá. Agora é que é. Concentração.” Querem saber o que é que acontece? Nada.

 Tenho lido em tantos lugares que a felicidade é uma decisão nossa. Tenho tentado tomar essa decisão activamente, mas não é fácil. Então tento encontrar outras formas de ser feliz. Por exemplo, fico feliz se consigo fazer alguem sorrir, ajudar alguém ou facilitar qualquer tarefa que esteja a incomodar outra pessoa. O meu truque para ser feliz? Apostar nos chamados “random acts of kindness”. Sempre os pratiquei mas nunca de forma muito auto-consciente. Mas agora tento retirar deles algo para mim. Hoje, no eléctrico, dei o meu lugar a uma mãe para que a família com 2 miúdos se pudesse sentar toda junta. Ela sorriu, nem agradeceu nem nada (e eu juro que o meu sueco foi correcto!), mas foi o suficiente para eu me sentir melhor. Sinto-me ligeiramente egoísta por estar a sugar destes momentos algo para mim. Mas hey, não andam para aí a dizer que a felicidade vem de nós e que é a nossa decisão? Esta é a minha decisão. Sorry, not sorry.

Bom, mas não podendo arrancar a tristeza, a angústia, a saudade… o que for como se arranca uma etiqueta, o que nos resta? Aceitar, lidar? É muito giro dar estas respostas e não explicar o como. Cabe a cada um descobrir o como. Eu ainda não sei bem se já descobri o meu como.

Mas isto não era para ser sobre etiquetas. Era para ser sobre um poema.

Fica para amanhã.

 

Este não é um post como os outros.

Este post é um desabafo. Pode não ser claro. Pode não fazer sentido, as palavras podem não ser as certas mas eu precisei de as deixar sair. Por um momento, aos poucos, para dar espaço a outras coisas. O último mês foi difícil, teve provações e perdas. E agora fica um vazio impreenchível e uma tristeza tão espessa que parece difícil de atravessar.

A tristeza é assim, vem sem pedir licença, sem se importar com os sorrisos que lhe atiramos ou as gargalhadas que usamos como arma. Ela não é mais forte que isso, mas é resistente e persiste por baixo da pele, por trás das lágrimas, escondida num cansaço que só descansa quando dá lugar à revolta.

O mundo continua, o tempo não pára. Às vezes era tão bom que parasse. Os comboios continuam nos carris, os aviões continuam a voar, a comida estraga-se. Há qualquer coisa de insensível na vida que rodeia a pessoa que está triste. É como uma multidão que nos empurra sem querer saber que não queremos ir por aí.

Há tantas palavras no mundo e nem uma serve para curar. Apaziguar, sim. Mas fechar feridas abertas não cabe às palavras. Dizem que cabe ao tempo. Espero que sim. Sei que sim, tenho de acreditar que sim. Tem de haver luz para além da tristeza. Se os rios não param de correr, se o mar não sossega as suas ondas, se o mundo continua, então que lave a tristeza e traga um curativo.

Há uma beleza melancólica na tristeza, um respirar fundo intercalado que nos faz sentir menos doridos de tempos a tempos. Um bálsamo para o coração. E depois o vento frio passa e fica aquela dor quente dos olhos inchados de tanto chorar. Este sal desinfecta, mas não cura. Lava a ferida, lambe a pele e vem quando menos se espera. Por pequenas coisas e por outras tão maiores. Por desespero, por frustração, por aceitação. Porque nada mais pode fazer. Porque nada mais podemos fazer.

“Mesmo a sobra
da mais vil desgraça
arrisca a ir
em frente.” Márcia

Gräfnäs :: Ruína e lago

Aquilo ali em cima lê-se “gréfnéz”, para quem quiser saber, e é uma localidade pequenina a cerca de 40 minutos de Gotemburgo. Quando o sol começou a aparecer, o sueco e eu escolhemos um dia para pedir o carro emprestado e ir explorar a dita cuja.

Como é que a descobri? No instagram da minha espanhola (Ali<3), vi uma foto gira, explorei a localização e rapidamente descobri que tinha também uma ruína histórica. Porque é que isto interessa? Escolhi para outra metade da laranja alguém que adora história, portanto é sempre mais fácil convencê-lo a ir passear se houver interesse histórico.

E porque esta barraca também tem algo de cultural, aqui fica um pouco da história da ruína. O castelo foi construído por volta de 1550 e ardeu 3 vezes com intervalos de 100 anos: em 1634, 1734 e 1834. #creepy

Actualmente, o que resta da propriedade é uma ruína, mas consta que o castelo inicialmente tinha este aspeto.

A primeira versão do castelo existiu numa ilha, mas quando o lorde faleceu, a viúva resolveu mudar-se para terra firme. O castelo foi ficando na mesma família, sendo que um dos membros mais importante foi uma caramela – Margareta Eriksdotter – que casou com Gustaf Vasas – o rei que unificou a Suécia como um país.

Para nós, foi uma visita histórica e relaxante, já que passámos uma boa hora deitados à beira do lago Anten – um dos 95,700 lagos neste país – a ler O Princepizinho (pela enésima vez para mim).

Trepar Paredes

Esta semana acompanhei o O. numa sessão de escalada no Klätterfabriken. Ele anda por lá a trepar paredes pelo menos uma vez por semana e não é estranho que me convide, mas eu nem sempre vou na conversa. Desta vez fui.

Ora bem, eu não sou grande espingarda nisto de trepar coisas, mas era a segunda vez e achei que ia ser melhorzinha.

Portanto vai de calçar os sapatinhos apertados e meter as mãos no giz. O primeiro desafio foi escalar de lado: traverse. Diz que é um bom aquecimento. É uma porra é o que é. Lá me montei na parede e toca de tentar traversear por ali fora. Consegui deslocar-me cerca de 10 cm antes de saltar dali para baixo, a ofegar. Sim, a minha resistência já não é o que era!

Algumas paredes feiras à caranguejo depois, o O. sugeriu que eu tentasse algumas paredes fáceis no canto com os colchões. Lá fui eu num sobe e desce que parece mais fácil quando uma pessoa está sentadinha no colchão a ver os outros a escalar. Nenhum acidente se deu, por isso continuámos.

Seguimos para um bocadinho de top-rope. A parte gira da coisa. Agora, o que vocês têm de perceber é que há vários percursos e dificuldades por todo o lado, mas eu sou uma elfa livre por isso usava tudo a que me conseguia agarrar.

Lá para o fim consegui seguir cores mais ou menos. Claro que eu só segui (ou tentei) seguir as que diziam “barn” (a palavra sueca para criança), mas a ideia era que eu fosse uma criança feliz, não era? E eu fui até aos 5 metros, mas depois as mãos começam a suar e agarrar coisas porosas na parede já não é tão fácil. Depois chegas aos 7 metros e achas que aquilo afinal não foi a melhor ideia. Mas chegas e eu quase toquei no tecto! Só que cheguei a um metrinho do tecto e não quis arriscar uma overdose de adrenalina, uma vez que já tinha as mãozinhas a tremer que nem varas verdes.

O O. é um macaquinho e toca de escalar as mais difíceis e atravessar de parede para parede, etc. Já eu sou uma tristeza, mas tento, acabo a parecer uma rã escanchada contra uma parede, mas tento.

 

Já experimentaram? Gostam?

 

Histórias de Terror

A Suécia está devagarinho a chamar a primavera, mas enquanto uma pessoa aqui tem de cerrar os dentes aos 13 graus para aproveitar o sol, em portugal anda tudo a banhos com 28 graus. E é chato.

Enquanto aqui visto pelo menos 2 camadas + casaco para sair de casa, em Portugal anda tudo de pé no chinelo. E é chato. É chato, principalmente porque eu estou aqui cheiinha de inveja a tentar convencer-me de que pelo menos não estou a suar as estopinhas ou a apanhar escaldões.

É que, vamos lá ver, no inverno não me incomoda. Está frio aqui e aí. Sim, são -7 aqui e 10 aí, mas vá. É frio, pronto. E aqui às vezes há neve, o que é sempre giro. O verão nem se coloca – não me tentem convencer que há verão na Suécia. Ou melhor, não lhe tentem chamar uma estação, porque no ano passado eu estava cá e o verão foi em Maio, numa quinta-feira e eu até apanhei um escaldão! Mas o que chateia mesmo é a diferença dos intermédios, a primavera aqui é um outono frio para mim e a primavera em portugal já nem existe, é só aquele tempo de aquecimento para o verão escaldante.

Mas não vim aqui lamentar-me. (É mentira, claro que vim, mas não é sobre isto que me quero lamentar.) A verdade é que a minha paciência para as temperaturas suecas já anda a ser testada há uns tempos. E o O. sempre quis voltar para portugal a certa altura.

Anda uma pessoa a pensar em regressar ao país que a viu nascer e voltar a ver amigos e família e tal… e só me contam histórias de terror. Parece que alugar casa está pela hora da morte. 

Ora bem, uma pessoa precia de algumas boas razões para deixar um país onde o respeito pelos trabalhadores é prática básica e não notícia esporádica, onde a reciclagem é tão óbvia que nem quando há um ataque terrorista se demovem. E eu tenho várias – uma família cheia de amor, amigos desertos para me ter de volta. Mas, vai-se a ver, e até alugar casa no meu país de origem vai ser um filme?

Não me lixem a vida.

E já agora, se souberem de alguma coisita porreira para um casal que geralmente até se dá muito bem, é avisar. Obrigadinha!

Be grateful :: Março

Março chegou ao fim e trouxe tudo: sol, chuva e até neve. Literalmente e às vezes em sentido figurado.

Chegou a altura de fazer o exercício da gratidão. Pergunto-me se a lista será maior ou mais pequena do que a do mês anterior.

  • ter tido a oportunidade de brincar na neve no início do mês.
  • receber rosas no dia da mulher e num dia com notícias menos boas.
  • ter visto um pôr do sol maravilhoso num dia normal.
  • voltar a fazer yoga mais vezes.
  • ter lido mais vezes do que o costume.
  • ter tido a oportunidade de expôr e vender algumas das minhas coisinhas.
  • receber uma homenagem do mais doce que há.
  • poder fazer longas video-chamadas com a família toda reunida em portugal.
  • conseguir recuperar o ipod depois de ter perdido 3 anos de fotografias e afins.
  • ter a paciência e resiliência para não perder a cabeça nos momentos mais frustrantes.
  • poder fazer uma caminhada de três horas, no meio da natureza, num dia de sol.
  • poder passar algum tempo a conversar com os colegas de sueco e conhecê-los melhor.
  • experimentar novas formas de macramé.
  • começar a dar forma a uma ideia/sonho que tenho.

 

E vocês o que têm para agradecer em Março?

 

Bolo de Cenoura

Há uns tempos experimentei uma receita de bolo de cenoura que adorei e agora estou ligeiramente viciada. Para dizer a verdade, experimentei uma receita e – obviamente – decidi alterá-la ao meu gosto. Finalmente encontrei uma receita rápida, simples e que resulta!

Como não gosto de ficar com estas coisas só para mim, vou partilhar a receita – com as medidas possíveis – porque, bom, vocês sabem. 

Bolo de Cenoura

Ingredientes

2 cenouras médias ou 1 grande
3/4 de chávena de óleo
3 ovos
2 chávena de farinha
1 e 1/2 chávenas de açúcar
1 colher de chá de fermento

(para a cobertura)

1 chávena de açúcar
1 chávena de chocolate em pó
1/4 chávena de leite
60 gr de manteiga/margarina

Cozer as cenouras. Passar a varinha mágica nas cenouras, 3 ovos e óleo. Misturar os elementos secos (farinha, açúcar, fermento) e misturar tudo.

Untar a forma com manteiga e polvilhar com farinha. Deitar a massa na forma e pôr no forno até estar dourado. Fazer o teste do palito ou do esparguete e se sair limpo, está pronto!

A cobertura é ainda mais fácil: juntar tudo num tacho e deixar levantar fervura. Apurar até ficar espesso.

Super rápido, simples e fácil.

A Camisola dos Corações

Antes de mais, vou passar a escrever os posts apenas em português já que instalei um widget de tradução no qual espero confiar. Se preferirem que volte ao método anterior,  manifestem-se! (está ali do lado direito, por baixo dos símbolos do Social Media).

Tenho uma camisola com corações.  Podiam ser só dois ou três,  mas são muitos. E também podiam ser de uma cor discreta, mas são rosa-choque.

Dito isto, há qualquer coisa de especial nesta camisola. É a única que tenho que é mais curta (desculpem, mas não vou à bola com essa moda dos crop-tops), mas gostei desta e comprei-a.

Mas não é porque a comprei que estou aqui a escrever sobre ela. É porque é esta a camisola que quero vestir sempre que me sinto menos feliz.

Não sei se é da quantidade estúpida de corações,  se é da cor. O fundo é cinzento,  uma cor que eu adoro e os corações são aquele festival de cor que já referi.

A questão é que continuo a associar um estado de espírito feliz ao raio da camisola.  O que não faz sentido nenhum. Porquê?  Primeiro, porque combinar a camisola com o resto da roupa pode tornar-se um verdadeiro pesadelo. Segundo, já estive chateada, triste e frustada com ela vestida e não mudou nada.

No entanto, ainda dou por mim a olhar para ela e a ir buscá-la quando tenho sede de alegria. Hoje vestia-a e fez sucesso na aula de sueco. Foi comentada pela palavra sueca para “coração” (hjärta) e porque aparentemente não é aceitável para uma entrevista de emprego (não percebo porquê, sinceramente!?).

Mas no fundo só quis vir pr’aqui dizer que acho que todos nós devíamos ter uma coisinha assim que, mesmo que não nos evite as lágrimas, ao menos nos dê esperança em ter alguma alegria. Porque a esperança é do melhor que há, a seguir à felicidade.

My first time watching The Hitchiker’s Guide to the Galaxy

Ouvi falar do livro, ouvi falar do filme. Mas nunca tinha visto! Ainda não li o livro, mas hei-de ler um dia destes. Aqui ficam algumas das coisas que me passaram pela cabeça ao ver o filme pela primeira vez.

Obviamente, existem alguns spoilers nesta lista, por isso, se ainda não viram e querem ver o filme, parem de ler este post e vão ler outro.

  1. “É um facto importante e popular que as coisas não são o que parecem.” a abrir o filme logo com grandes verdades.
  2. Golfinhos que emigram para espaço. Yop. Eles é que a sabem toda. Só não sabem cantar.
  3. Martin Freeman!
  4. Como dizer ao teu melhor amigo que és um alienígena?
    3 cervejas ao almoço… numa quinta-feira.

    giphy (1)

  5. Porque é que vamos precisar do sal?
  6. Além disso, Betelgeuse parece-me um planeta confortável.
  7. Aquela senhora no bar a olhar para eles está a assustar-me. #creepy
  8. Zoey?
  9. “Queres ver a minha nave espacial?”
    – Vais levar-me a Madagáscar? – seria a minha próxima pergunta.
  10. Ups, menos uma casa na terra. Er… esquece. Menos uma terra.
  11. Aposto que o Arthur já se arrependeu de não ter bebido as cervejas.
  12. Oh, então vamos só deitar-nos no chão com sacos de papel nas cabeças. OK, então.
  13. Ei, btw, onde posso encontrar um amigo alienígena para me dar boleia pela galáxia?
  14. “Onde foi que Deus errou ♀” e “Mais alguns erros de Deus ♂” ahahaha
  15. Chá? O Arthur quer chá? #british
  16. Ok, então os que gerem as coisas não podem pensar, não têm imaginação e alguns não sabem soletrar. Não há razões para nos preocuparmos.
  17. Então, quer dizer que eu estou a ter aulas de sueco quando eu podia só enfiar um peixe Babel no ouvido? #want
  18. Adoro que estas criaturas sejam “reais” e não apenas CGI.
  19. “Não entrar em pânico” … “nós vamos morrer”. 
  20. O quê? Eles transformaram-se em sofás? Tantas perguntas.

    giphy (2)

  21. Espera lá. Confiar no douchebag na festa resultou para ele? Como? Não ensinem isto às miúdas.
  22. Uma camisa e shorts esquisitos, Zoey. O que é que te aconteceu?
  23. Digam olá ao Marvin, o Marvin é um robô deprimido.
  24. Ah, então é por isso ficamos tristes? G.P.P. é o que nos deprime. Genuína Personalidade das Pessoas.
  25. Não aguento as piadas do Marvin. ❤ “Freeze? Eu sou um robô, não sou um frigorífico!”
  26. Já chega com o desejo de chá! Eu estaria a querer algo um bocado mais forte!
  27. “Não podes ser presidente com o cérebro todo” – estas piadas políticas são qualquer coisa.
  28. Ok, a cozinha na nave espacial é brutal, sem dúvidas. Quero muito aquela cena que nos faz tudo o que desejamos.
  29. Quero adoptar o Marvin e fazê-lo feliz outra vez.
  30. Este é o momento! A resposta para a derradeira pergunta! Eu sei isto! É 42, não é? Eu sou uma pessoa da internet. #tsctsc
  31. Bem, acontece que precisamos da pergunta.

    life

  32. “Humma Kavula”, é algum tipo de palavrão noutro planeta?
  33. Então… para estas pessoas, o universo é feito de ranho?!
  34. Aquilo é uma miúda de cinco cabeças de Grynfindor? #potterhead
  35. Devoção ao ranho. A religião é uma coisa linda!
  36. Ora bem, afinal “Humma Kavula” é na verdade o nome de uma “pessoa”.
  37. O ego dele é o refém. Não, a rapariga. Isto é profundo. #what
  38. Que mania é esta com a toalha, Ford?
  39. Ah mas deixaram a garota para trás, de qualquer maneira.
  40. Vogosfera, o planeta daqueles que gerem as coisas, onde levas um estalo se tiveres uma ideia.
  41. O elenco do Love Actually está aqui todo? Olá Bill Nighy!
  42. Há um backup do planeta terra e eu nem consigo fazer um backup do meu ipod? #quetriste
  43. Todos nós precisamos de uma point-of-view gun. #seriously
  44. Ratos. Ratos?! Bem, pelo menos não eram aranhas.
  45. “- Eu prefiro ser feliz do que estar certo, em qualquer dia.
    – E és?
    – Huum … não.”
  46. Aww afinal isto é uma história de amor.
  47. Marvin!! Nãooooooooooo…
  48. AH! Já percebi: os maus da fita têm medo de toalhas?
  49. Arthur, vês? O chá foi má ideia. Para a próxima pede whisky.

    giphy (3)

  50. “Há alguma coisa que achas que a terra podia ter a menos?”
    Huumm, sim! Aranhas.

I’ve heard about the book, I’ve heard about the movie. I had never seen it! I still haven’t read the book, but I will some day. Here are some thoughts I had watching the film for the first time.

Here are some thoughts I had watching the film for the first time. Obviously there are some soft and weird spoilers ahead, so if you haven’t watched it and want to, stop and read some other post. 🙂

  1. “It’s an important and popular fact that things are not what they seem.” Dropping some truths bombs right away.
  2. Dolphins emigrating to space. Yop. They know it. They just wished they knew how to sing.
  3. Martin Freeman!
  4. How to tell your best friend you’re an alien? 3 pints for lunch… on a thursday.

    giphy (1)

  5. Why are we going to need the salt?
  6. Also, Betelgeuse sounds cozy.
  7. That starring lady in the bar is creeping me out.
  8. Zoey?
  9. “Wanna see my starship?” – Well will it take me to Madagáscar? – would be my next question.
  10. Oh one less house on the earth. Er… scratch that. One less earth.
  11. I bet Arthur is wishing he had finished those pints right about now.
  12. Oh so we are just going to lay on the ground with paper bags on our heads. Ok then.
  13. Hey, btw, where can I find an alien friend to give me a ride through the galaxy?
  14. “Where did God went wrong ♀” and “Some more of God’s mistakes ♂” ahahaha
  15. Tea? Arthur wants tea? Must be british.
  16. Ok, so the ones that run things can’t think, don’t have imagination and some can’t spell. Nothing to be worried about then.
  17. So, you mean to tell me that I’m taking swedish classes when I could just get a Babel fish in my ear? #want
  18. I love that these creatures are “real” and not just CGI.
  19. “Don’t panic”… “we’re gonna die”.
  20. What? They got turned into sofas? So many questions. 

    giphy (2)

  21. Wait. Did trusting the douchebag at the party work for her? How? Just no.
  22. A weird shirt and shorts, Zoey. What happened?
  23. Say hello to Marvin, Marvin is a depressed robot.
  24. Oh so this why we get sad? G.P.P. is what makes you depressed. Genuine People Personality.
  25.  Marvin’s jokes, though. ❤ “Freeze? I’m a robot, not a fridge!”
  26. Enough with the tea-craving already. I would be asking for something a bit stronger!
  27. “you can’t be president with the whole brain” – man these political burns are something.
  28. Ok, the spaceship kitchen is awesome, I’ll give you that. I want that thingy to take care of my cravings.
  29. Also I want to adopt Marvin and make him happy again.
  30. This is the moment! The answer to the ultimate question! I know this one! It’s 42 isn’t it? I’m an internet person. #tsctsc
  31. Well, turns out we need the question.

    life

  32. “Humma Kavula”, is that some kind of curse word in another planet?
  33. So… for these guys the universe is the gooey stuff that comes out of your nose?
  34. Is that a five-headed girl from Grynfindor? #potterhead
  35. Devotion to the snot. Religion is gorgeous.
  36. Oh, yeah, turns out “Humma Kavula” is actually the name of a guy.
  37. His ego, that’s the hostage. Not the girl. This is deep. #what
  38. What’s up with the towel, Ford?
  39. So they left the girl behind anyway.
  40. Vogosfera, the planet of those who run things, where you get slapped if you have an idea.
  41. Is the cast from Love Actually all here? Hello Bill Nighy.
  42. There’s a backup earth and I can’t even make a backup of my ipod? #sad
  43. We all need a point-of-view gun. #seriously
  44. Mice. Mice?! Well at least it was not spiders.
  45. “- I would much rather be happy than right any day.
    – Are you?
    – Huum… no.”
  46. Awh this a love story after all.
  47. Marvin!!! nooooooooooo
  48. OH! I get it: the bad guys are afraid of towels?
  49. See Arthur? Tea was a bad idea. Next time, ask for whisky. 

    giphy (3)

  50. “Is there anything you think earth could do without?” Huumm, yeah! Spiders.

People-by-heart VS people-recipe

Hoje vamos falar de dois tipos de pessoas. Vamos falar sobre as pessoas-a-olho e as pessoas-receita e vamos tipificar as suas diferenças.

Pessoas-a-olho

As pessoas-a-olho são absolutamente incapazes de seguir uma receita, medir o que quer que seja ou ler e seguir regras no geral.

Uma pessoa-a-olho não se impede de fazer mudanças em casa, armar-se em carpinteira ou experimentar uma nova receita de bolo de kiwi. Faz tudo isto e mais alguma coisa, mas não segue as regras. Ao invés, olha muito de relance para tudo o que é medidas e faz uma matemática muito básica na sua pequena cabeça para traduzir medidas exactas para mais-ou-menos um copo, mais-ou-menos um palmo ou mais-ou-menos a altura da anca.

Uma pessoa-a-olho, confia piamente na capacida que o seu olhar tem de atingir a fórmula correcta que vai fazer uma receita ou um projecto resultar “quase” como era suposto. A pessoa-a-olho gostava de ter os resultados da pessoa-receita, sem ter de ser uma pessoa-receita.

Coisas que acontecem com a pessoa-a-olho

Às vezes os bolos saiem bem, outras vezes não cozem no meio, ficam torrados no fundo ou nem crescem.

Às vezes os projectos correm bem, outras vezes a mesa fica bamba, a cortina fica curta ou o quadro fica torto.

Na verdade, as pessoas-a-olho podiam ser chamadas de pessoas-às-vezes. Por que às vezes… até resulta. 

Vantagens de ser
uma pessoa-a-olho
Desvantagens de ser
uma pessoa-a-olho
✧ Sentir a liberdade de não estar agarrada a medidas, regras ou pesos.

✧ Apreciar a surpresa que é quando as coisas correm bem.

✧ Ganhar resistência à desilusão e ao falhanço.

✧ Desenvolver a propriedade Macgyver, e ser capaz do mais acrobático desenrascanço, nas mais variadas situações.

✧ Ter resultados menos bons, variadas vezes, como resultado do acto de ignorar medidas.

✧ Ter de lidar com a desilusão quando as coisas não correm bem.

✧ A constante inveja que a pessoa-a-olho sente da pessoa-receita – porque com eles corre sempre tudo bem.

✧ A incerteza de nunca saber se desta vez vai correr bem ou mal.

Pessoas Receita

As pessoas-receita são exemplares, perfeccionistas. Seguem as medidas à grama e ao milímetro. Com elas tudo corre bem à primeira porque eles confirmaram os números 4 vezes antes de avançar com o projecto.

Uma pessoa-receita faz tudo perfeitinho, com medidas profissionais. E nem sequer se envolve num projecto que não tenha sido planeado com detalhe e medidas. A pessoa-receita adora fazer planos. Adóóoooora.

O resultado das suas acções é sempre maravilhosamente previsível. É uma vida serena. A pessoa-receita não confia nas pessoas-a-olho, nem confia no seu próprio olhar, mas dêm-lhe um copo medidor ou uma fita métrica para a mão e está tudo bem, somos todos amigos outra vez.

As pessoas-receita, apesar do nome, não adoram experimentar receitas. Gostam de fazer e refazer aquelas receitas que já testaram e sabem que correm bem e o verbo experimentar já lhes parece uma coisa pouco planeada e medida.

Coisas que acontecem com a pessoa-receita

Os bolos, os pratos complicados, os molhos manhosos… tudo sai como a receita diz. Se sair diferente, a receita estava errada.

Se há um ingrediente em falta, não se substitui por outro similar. Não. Tem de ser aquele ingrediente, daquela cor e daquele peso e daquela origem, se não, já se sabe, a receita vai sair um desastre.

As mesas ficam impecávelmente niveladas. E se não ficarem (provavelmente porque uma pessoa-a-olho se meteu ao barulho), a pessoa-receita tem o ardente desejo de desfazer e voltar a fazer tudo de novo. Até acertar, tudo certinho, do ínicio ao fim. Medidas certas!

Vantagens de ser
uma pessoa-receita

Desvantagens de ser
uma pessoa-receita

✧ A serenidade de saber sempre o resultado.

✧ Poder confiar em intrucções e regras.

✧ Diminuir consideravelmente a probabilidade de erros.

✧ Poder exercer a gabarolice perante os falhanços das pessoas-a-olho.

✧ A falta de emoção associada à previsibilidade.

✧ Ter de lidar com pessoas-a-olho na sua vida.

✧ A irritabilidade que cresce quando não existem medidas para seguir.

✧ Limitada capacidade de contornar obstáculos quando algo corre mal, sem ter de desenhar um novo projecto ou mudar de receita.

Conclusões

A pessoa-a-olho faz o plano já com uma perna na sua atabalhoada execução, a pessoa receita planeia várias vezes, altera variáveis e medidas e submete o recrimento para o formulário para o projecto… antes de se decidir a avançar.

Se esta tipologia vos parece *ligeiramente* parcial é porque eu sou claramente uma pessoa-a-olho. #semvergonha

E vocês?

 


Let’s talk about two types of people. People-by-heart and people-recipe and let’s start by typifying their differences.

People-by-heart

People-by-heart are absolutely unable to follow a recipe, measure whatever it is or read and follow rules in general.

A person-by-heart is not deterred from making changes at home, putting on a carpenter’s work or trying out a new recipe for a kiwi cake. It does all of this and more, but it does not follow the rules. Instead, takes a glance at everything that is measured and does a very basic math on their little head to translate exact measurements to more-or-less a glass, plus-or-minus an hand-length or more-or-less to hip height

A person-by-heart, piously relies on the ability of their eye to achieve the right formula that will make a recipe or a project end up “almost” as it was supposed to. The person-by-heart would love to have the results of the person-recipe, without having to be a person-recipe.

Things that happen to the person-by-heart

Sometimes the cakes come out well, sometimes they do not bake in the middle, they are roasted in the bottom or they do not grow.

Sometimes the projects go well, other times the table is limping, the curtain is short or the table is crooked.

In fact, people-by-heart could be called people-sometimes. Because sometimes … it works.

Advantages of being a person-by-heart Disadvantages of being a person-by-heart
✧ The freedom of not being attached to measures, rules or weights.

✧ Appreciating the surprise that they get when things go well.

✧ Gaining resistance to disappointment and failure.

✧ Develop a Macgyver property, and be capable of the most acrobatic solution, in the most varied situations.

✧ Having less than good results, several times, as a result of ignoring measures.

✧ Having to deal with disappointment when things do not go well.

✧ The constant envy that the person-by-heart feels towards the person-recipe – because with them things always go well.

✧ The uncertainty of never knowing if this time things will go well or not.

People-recipe

The people-recipe are exemplary perfectionists. They follow the measurements to the millimeter. With them, everything goes well at first try because they confirmed the numbers 4 times before moving on with the project.

A person-recipe makes everything perfect, with professional measures. And they do not even get involved in a project that has not been planned with detail and measures. The person-recipe loves making plans. Loooooves.

The outcome of their actions is always wonderfully predictable. It is a serene life. The person-recipe does not trust people-by-heart, nor does he trust his own look, but give him a measuring cup or a measuring tape and everything’s okay, we’re all friends again.

The people-recipe, despite the name, do not love to try recipes. They like to make and redo those recipes that have already been tested and known and the verb “to experience” already seems to them like something with little planning and measure.

Things that happen to the person-recipe

The cakes, the complicated dishes, the sour sauces … everything comes out as the recipe says. If it turned out different, the recipe was wrong.

If one ingredient is missing, it is not replaced by a similar one. No. It has to be that ingredient, with that color and that weight and from that origin, if not, you know, the recipe will be a disaster.

The tables they build turn out impeccably stable. And if they do not (probably because a person-by-heart got in the way), the person-recipe has the burning desire to undo it all and do it all over again. Until they get it all right, from beginning to end. Right measures!

Advantages of being a person-recipe Disadvantages of being a person-recipe
✧ The serenity of always knowing the result.

✧ Being able to trust instructions and rules.

✧ Reduce the likelihood of errors considerably.

✧ Be able to gloat in front of people-by-hearts’s failures.

✧ The lack of emotion associated with predictability.

✧ Having to deal with people-by-heart in your life.

✧ The irritability that grows when there are no measures to follow.

✧ Limited ability to bypass obstacles when something goes wrong, without having to design a new project or change recipe.

Conclusions

The person-by-heart makes the plan already with one leg in its (probably unsuccessful) execution, the person-recipe plans several times, changes variables and measures and submits the request to the form for the project… before deciding to move forward.

If this typology seems to you * slightly * partial, it is because I am clearly a person-by-heart. #noshame

What about you?

International Women’s Day

Sabiam que tivemos um Ano Internacional da Mulher? E sabiam que também tivemos uma Década da Mulher? Já agora, porque é que celebramos a 8 de Março? Fui atrás destas e de outras dentadas de sabedoria e partilho-as com vocês de bom grado.

Este ano, resolvi ser curiosa sobre a História do Dia Internacional da Mulher, perceber realmente qual o caminho que foi percorrido e a razão histórica para ele acontecer.

Por mais estranho que pareça, o primeiro Dia Nacional da Mulher aconteceu num país que tem actualmente um dos mais misóginos homens como presidente. Foi em 1909 e aconteceu na sequência de uma greve pelas trabalhadoras de uma fábrica de uniformes, em Nova Iorque, em 1908. Foi também nessa fábrica que se deu um trágico acidente que vitimou um grande número de mulheres, em 1911.

No entanto, o Dia Internacional da Mulher foi estabelecido como tal numa conferência em Copenhaga, em 191o. Nesta altura não ficou decidida uma data, mas a proposta foi aprovada de forma unânime por um quórum de mais de uma centena de mulheres, incluindo as primeiras mulheres a serem eleitas no parlamento Finlandês.

Depois desta conferência, o dia foi celebrado a 19 de Março em vários países, com marchas e protestos pelo direito ao voto e melhores condições de trabalho. Durante os anos fustigados pela 1ª Guerra Mundial, este dia foi usado também para lutar pela paz. Foi graças a esse movimento pela paz que a Rússia festejou o seu primeiro Dia Internacional da Mulher em 1914, no último Domingo de Fevereiro – data que se traduz para 8 de Março no calendário gregoriano.

A Organização das Nações Unidas, criada em 1945, declarou 1975 como o Ano Internacional da Mulher e foi a partir desse ano que o dia 8 de Março ficou definitivamente estabelecido. Depois de aberto este precedente, a década de 1976 a 1985, foi declarada como Década da Mulher na ONU.

Agora que sabemos um bocadinho da história, que tal honrar o dia e continuar a trabalhar no sentido da igualdade? O tema do Dia Internacional da Mulher de 2017 é #BeBoldForChange. Se quiserem, vão a https://www.internationalwomensday.com/BoldForChange e façam o vosso compromisso. Há várias opções. Eu já fiz o meu.


Did you know we had an International Women’s Year? And did you know we also had a Decade for Women? By the way, why do we celebrate the 8th of March? I went after these and other bits of history to share them with you .

So I decided to know more about the history of the International Women’s Day, to really understand its path and the historical reason for it to happen.

Oddly enough, the first National Women’s Day happened in a country that currently has one of the most misogynist men as president. It was in 1909 and it happened following a strike by the workers of a factory of uniforms, in New York, in 1908. It was also in that factory that happened a tragic accident that victimized a great number of women, in 1911.

However, International Women’s Day was established as such at a conference in Copenhagen in 1911. At this point, no date was decided, but the proposal was unanimously approved by a quorum of more than a hundred women, including the first women to be elected by the Finnish parliament.

After this conference, the day was celebrated on March 19th in several countries, with rallies and protests for the right to vote and better working conditions. During the years fought in World War I, this day was also used to fight for peace. It was thanks to this peace movement that Russia celebrated its first International Women’s Day in 1914 on the last Sunday in February – 8 March in the Gregorian calendar.

The United Nations, created in 1945, declared 1975 to be the International Year of Women and it from then on, the 8th March was definitively established. After opening this precedent, the decade from 1976 to 1985 was declared as the Decade of Women in the UN.

Now that we know a little bit of the history, how about we honor the day and continuing to work towards equality? The theme for the 2017 International Women’s Day is #BeBoldForChange. If you want, go to https://www.internationalwomensday.com/BoldForChange and make your pledge. There are several options. I already did mine.

Be grateful :: February

Fevereiro passou devagar no ínicio, mas os últimos dias passaram a correr! Quando dei por ele já tinha acabado.

Vamos lá então fazer o exercício mensal da gratidão. Comecem também a pensar no que têm para agradecer este mês.

  • começar um novo curso de sueco.
  • ter sido seleccionada para mais uma fase do recrutamento no programa de trainees do IKEA. Posso não seguir em frente, mas ter tido uma “entrevista” que foi uma tarde em estocolmo com outros candidatos, com uma série de exercícios e apresentações já foi super enriquecedor.
  • ter voltado a fazer alguns projectos na “minha área”.
  • ter recebido reacções maravilhosas em relação ao alguma da “minha arte”.
  • ter recebido a notícia de que vou ter uma visita muito especial no final de Abril <3.
  • ter uma família com saúde, e àqueles a quem a saúde falta, terem força para lutar.
  • ter amigos com quem desabafar quando tudo parece escuro e deprimente.
  • um jantar de Dia dos Namorados sossegado, simples, mas muito especial na melhor companhia.
  • um espetáculo na Ópera de Gotemburgo em que vimos City Lights com orquestra ao vivo.
  • ter um mais-que-tudo com uma paciência monstra para me aturar as mudanças de humor e as inseguranças estúpidas.

Março, vamos lá ver o que trazes tu…


February went by slowly in the beginning, but the last days  ran by me! When I stopped to think about it, it was already over.

So, this is the time when I do the monthly gratitude exercise. I advise you to do the same:

  • Starting a new Swedish course.
  • Being selected for another phase of recruitment in the IKEA trainee program. I may not move on from here, but having an “interview” that was a full afternoon in Stockholm with other candidates, with a series of exercises and presentations was already very enriching.
  • Doing some projects in “my area”.
  • Receiving wonderful reactions to some of “my art”.
  • Receiving the confirmation that I will have a very special visit at the end of April <3.
  • Having a healthy family, and to those who lack health, that they have the strength to fight.
  • Having friends to vent to when everything seems dark and depressing.
  • Having a simple but very special Valentine’s Day dinner with the best company.
  • Seeing a show at the Gothenburg Opera in which with the movie City Lights and a live orchestra.
  • Having a significant-other with the patience to put up with my mood swings and stupid insecurities.

    March, let’s see what you bring …

Svenska B1 – part 4

Esta semana comecei mais um curso de sueco. Mais uma vez consegui ficar com o melhor professor que aquela universidade tem – não preciso de saber mais sobre os outros – este chega. Não estou sozinha nesta preferência: os cursos com ele estão sempre cheios e, neste curso, apenas 2 dos alunos estão a ter aulas com ele pela primeira vez.

Como já se tornou comum nas primeiras aulas, sinto-me um veado assustado quando vejo que os meus colegas falam sueco sem gaguejar nem engolir a língua. O nível subiu consideravelmente, até porque saltei a parte 3, armada em esperta. Vamos ver como me safo.

A verdade é que no que diz respeito à compreensão, noto que estou muito melhor. Mas o vocabulário ainda me falha, embora consiga dar a volta às frases para me fazer entender.

A primeira aula serviu para nos apresentarmos, conversar uns com os outros e descobrir que sabemos muito poucos adjectivos na língua escandinava. Para mim, serviu para descobrir que não é boa ideia ir para uma aula de 2 horas e meia sem silicone no aparelho, já que fiquei com uma bola de sangue pisado na bochecha ao tentar pronunciar a diferença entre o som “i” e “y”.

Vamos lá ver se é desta que começo a falar mais sueco com o sueco cá de casa.


This week,  another Swedish course started. Once again I was able to keep the best teacher that university has – I do not need to know more about others – this is enough. I am not alone in this preference: courses with it are always full and in this course, only 2 of the students are taking classes with him for the first time.

As it has become common in the first class of the courses, I feel like a frightened deer when I see my colleagues speaking Swedish without stuttering or swallowing their tongue. The level went up considerably, more because I skipped part 3, thinking I was smart. Let’s see how I feel.

The truth is that as far as understanding is concerned, I notice that I am much better. But the vocabulary still fails me, although I can turn the sentences around to make myself understood.

The first lesson served to introduce ourselves, to talk to one another, and to discover that we know very few adjectives in the Scandinavian language. For me, it also served to confirm that it wasn’t a good idea to go to a two and a half hour session with no silicone on my braces, since I ended up with a ball of blood on my cheek when I tried to pronounce the difference between the “i” and “y”.

Let’s see if this is when I start to speak more Swedish with the Swede at home.

5 Snacks for people with braces

Como já devem ter percebido, 2017 trouxe-me uma armadura dental.

Pois bem, muita coisa mudou na forma como me alimento precisamente por causa do aparelho. Para quem, como eu, gosta de ver um bom filme a despachar pipocas como uma trituradora, ter aparelho está muito perto de ser um pesadelo. Os cereais ao pequeno-almoço também passaram a não ter alegria nenhuma e tantos outros snacks foram sacrificados.

No entanto, uma pessoa tem de se adaptar, não é verdade? Portanto aqui ficam 5 sugestões de snacks aparelho-friendly para quem como eu, está farta de ter de condicionar a comida ao metal.

  1. Ovos cozidos (e ovos mexidos e estrelados e escalfados)
    Não sei se ajudou o facto de estar a viver na Suécia – onde é perfeitamente normal e aceitável comer ovos cozidos ao pequeno-almoço – mas a verdade é que são uma escolha perfeita para quando me apetece algo salgado. O mesmo fica para os ovos mexidos, talvez uma opção mais óbvia, bem como os ovos estrelados ou escalfados. Todo o tipo de ovos, na verdade. Os ovos são nossos amigos.

  2. Azeitonas sem caroço
    Dizer adeus às pipocas é capaz de ter sido uma das alterações mais difíceis. Mas ainda havia uma réstia de esperança: azeitonas! O problema é que – para além de não ser saudável (ou aconselhável) emborcar azeitonas ao balde – os caroços também as tornavam algo proibitivas. Mas a verdade é que se assumirmos que temos de comprar as luxuosas azeitonas sem caroço, elas revelam-se um óptimo petisco salgado.

  3. Iogurte, ou queijinhos frescos
    Esta é básica, mas eu tinha um grande entrave. Detesto iogurte. Não suporto o sabor. Portanto reverti à minha infância e toca de encontrar as versões iogurteiras feitas com queijinho fresco em vez de iogurte. O sabor é mais suave e menos ácido, não lembra o iogurte e a textura não podia ser mais adequada.

  4. Chocolate
    Tirem-me tudo, mas não me tirem o chocolate. Durante grande parte da minha vida, acreditei ser alérgica ao cacau, portanto evitava o chocolate. Quando, em 2015, um teste cutâneo-alérgico me provou que não sou alérgica a esse ingrediente, a minha vida mudou. Voltando ao que interessa, as grandes vantagens do chocolate frente ao aparelho são duas: derrete-se na boca e já vem semi-dividido em quadradinhos. Eu tenho escolhido o chocolate negro – indicado para a culinária – mas os mais gulosos podem escolher outro tipo. Infelizmente, aqueles que trazem bocadinhos de noz, avelã e outros frutos secos do tipo são más escolhas para quem não quer ficar com amendoíns entalados nos brackets.

  5. Gelatina
    Eu sei, é boring. Mas a verdade é que é o snack perfeito. É molinho e super saudável. Ainda te ajuda a manteres a hidratação e tudo. Se há senão? O ser extremamente aborrecido. Uma solução? Juntar fruta, pêssego, manga, kiwi, banana. É só escolher a fruta mais fácil de comer, partir aos bocadinhos e siga.

Aqui têm, meus queridos, para que não desesperem na altura dos apetites mais estranhos. É tentar ir substituíndo pelo menos traumático e aguardar que o metal seja removido. Curiosamente, hoje sonhei que o meu aparelho se descolava todo enquanto comia melão. Melão, pel’amor de deus. Enfim.


 

As I’m sure you’ve noticed,  2017 gave me braces.

That said, a lot has changed in the way I eat because of it. For those who, like me, like to see a good movie while munching on popcorn, having braces is very close to living a nightmare. Breakfast cereals were also forgotten and so did many other snacks.

However, one must adapt, does one not? So here are 5 suggestions of braces-friendly snacks for those who like me, are tired of having to condition the food to the metal.

  1. Boiled eggs (and scrambled eggs and fried and so on)
    I don’t know if it helps to live in Sweden – where it’s perfectly normal and acceptable to eat boiled eggs for breakfast – but the truth is that they are a perfect choice for when I want something salty. The same goes for scrambled eggs, maybe a more obvious choice. But really, any type of eggs are cool. Eggs are very braces-friendly.
  2. Pitted Olives
    Saying goodbye to popcorn may have been one of the most difficult changes. But there was still a glimpse of hope: olives! The problem is that – besides not being healthy (or advisable) to eat a bunch of olives at a time – the pits they have in the middle also made them forbidden. But the truth is that if we assume that we have to buy the luxurious pitted olives, they prove to be a great salty snack.
  3. Yogurt, or quark
    This is basic, but I had a big hitch. I hate yogurt. I can not stand the taste. So I reverted to my childhood and tried to find the yogurt versions made with cheese instead of yogurt. The taste is softer and less acidic, it does not resemble yogurt and the texture could not be more appropriate. Perfect.
  4. Chocolate
    Take away everything, but do not take away chocolate. For most of my life, I thought I was allergic to cocoa, so I avoided chocolate. When, in 2015, an allergy test proved to me that I’m not allergic to that ingredient, my life changed. Going back to what matters, the great advantages of chocolate given the braces are two: it melts in your mouth and is already divided into squares. I have been choosing dark chocolate – the kind you use for cooking – but the “sweet-teeth” can choose another type. Unfortunately, the type that has bits of hazelnut and other nuts of the sort are bad choices for those who do not want to get bits of almonds stuck in the brackets.
  5. Gelatine
    I know, it’s boring. But the truth is that it’s the perfect snack. It is grinding and super healthy. It still helps you maintain hydration and all. If there is anything else? Being extremely annoying. A solution? Add fruit, peach, mango, kiwi, banana. Just choose the easiest fruit to eat, go for the snacks and go.

There you go, do not despair with your strange appetites. You just have to try to replace them with something less traumatic and then wait your braces out. Funnily enough, today I dreamed that my braces had come off while I was eating melon. Melon, for the love of God. Oh well.

Be grateful :: January

Que segue o blog maravilhoso que é o Lolly Taste, já viu com certeza este post inspirador. Pois bem, porque não tentar fazer o mesmo exercício? Mensalmente. Será que consigo manter a coisa? Vamos ver.

Janeiro chegou e voou.
Coisas pelas quais estou grata:

  • uma passagem de ano rodeada da família e amigos;
  • um jantar de natal tardio cheiinho de gargalhadas;
  • os mimos infindáveis dos meus pais enquanto estive por lá;
  • poder ver os meus avós mais vezes;
  • poder brincar com os animais, respirar ar puro e olhar para paisagens bonitas;
  • ter voltado a fazer exercício (mais ou menos) regularmente;
  • ter concluído o projecto do mapa em hama beads com a ajuda do O;
  • ter uma casa acolhedora num país gelado;
  • sentir o meu sueco a melhorar de dia para dia;
  • voltar a fazer “fikas” com a parte espanhola do meu coração na Suécia;
  • receber postais cheios de cor e amor de pessoas feitas de ouro;
  • ter alguém que me abraça e me diz que vai ficar tudo bem;
  • ter a possibilidade de comunicar com todos os que me são queridos e que estão longe.

Vem aí Fevereiro, vamos ver o que o mês mais pequeno do ano nos traz. Pelo menos fico com a certeza de que haverá sempre alguma coisa para me fazer sentir grata.


If you follow the wonderful blog Lolly Taste, you must’ve seen this inspiring post. Well, why not try the same exercise? Monthly. Can I keep doing it? We’ll see.

January arrived and flew away.
Here are the things I’m thankful for:

A new year’s eve surrounded by family and friends;
A late Christmas dinner filled with laughter;
The neverending pampering from my parents while I was there;
Being able to see my grandparents more often;
Being able to play with the animals, breathe fresh air and look at beautiful landscapes;
Getting back to exercising (more or less) regularly;
Having completed the map project with Hama Beads with the help of O;
Having a cozy home in a cold country;
Feeling my Swedish improving day by day;
Getting back to having “fikas” with the Spanish part of my heart in Sweden;
Receiving postcards full of color and love from people that are made of gold;
Have someone to hug me and tell me it’s going to be okay;
Being able to communicate with all of those who are dear to me and that are far away.

Come on now February, let’s see what the smallest month of the year will bring. At least I’m sure that there will always be something to be grateful for.

Be kind to yourself

Sabem aqueles dias em que nada encaixa, tudo vos parece esbofetear e só querem encolher-se na cama e taparem-se com os cobertores?

Pois, diz que todos os temos.

Para mim, muitas vezes essa frustração nasce da minha necessidade de compor, corrigir, tentar reparar tudo o que está errado. Quando estou triste, não é fácil para mim aceitar que estou triste, estou sempre a tentar arranjar outra forma de lidar com as coisas… o que resulta quase sempre em ficar irritada em vez de triste.

Estou sempre a dizer que a grande diferença entre mim e o O. é que eu sou altamente emocional e que ele é muito mais racional. Para ele é normal estar triste e nem sempre quer que eu tente animá-lo. O que para mim é muito difícil de compreender. Porque é que alguém havia de querer ficar triste? Mas, a verdade é que não posso argumentar com a lógica de que se não estivessemos tristes de vez em quando, como é que saberíamos o que é estar feliz?

Quando as pessoas ficam a saber que estou na Suécia, o primeiro comentário tem a ver com o clima: o frio. Sim, é um desespero, mas como os suecos dizem “não há mau tempo, há má roupa.” A minha resposta é sempre a mesma: o frio é chato, sim, mas o pior é a escuridão. Nunca pensei que me afectasse tanto.

Muitas vezes, nem sei bem por que é que estou chateada ou por que é que estou triste. Depois vou descascando as razões e percebendo que estou com saudades dos meus pais, dos meus amigos, dos meus animais, do sol! E é normal. Eu só tenho de saber aceitar que há dias melhores e há dias piores.

Há algumas coisas que podemos fazer para nos sentirmos melhor. Por isso aqui ficam algumas sugestões para criar um penso rápido para a tristeza.

  • ligar aos papás e falar com eles;
  • conversar com os amigos (messenger conta);
  • ver fotos e vídeos dos animais (pode causar ainda mais saudade);
  • deixar que alguém te abrace, que te diga que não estás estragada e que é normal estar triste;
  • tomar um banho quente e/ou beber uma caneca de chá;
  • pensar nas coisas boas que tens, focar no bom (eu sei que não é fácil)

Se mesmo assim ainda estiveres, meio macambúzia (já sei que me estou a meter em sarilhos para traduzir esta palavra), pega no telemóvel, vê uns vídeos no youtube. Põe uma série divertida na tv: Big Bang Theory é o meu segredo. Escolho um episódio ao calhas e 25 minutos depois, pelo menos dei por mim a sorrir.

P.S. – não há razões estúpidas para se estar triste, ou chateada. O O. ensinou-me que tudo o que sentimos é válido e que não tem de ser julgado por ninguém, nem por nós próprios.

P.S.S – muitas vezes os mais duros juízes somos nós próprios. Be kind to yourself. 


 

You know those days when nothing seems right, reality is slapping you in the face, and you just want to crawl back to bed and cover yourself with some blankets?

Well, they say we all have it.

For me, this frustration often comes from my need to fix things, to fix everything that is wrong. When I am sad, it’s not easy for me to accept that I am sad, I am always trying to find another way of dealing with things… which almost always results in me being annoyed and frustrated instead.

I always say that the big difference between O. and me is that I am highly emotional and that he is much more rational. It’s normal for him to be sad and he often doesn’t want me to try to cheer him up. Which is very difficult to understand, for me. Why would anyone want to be sad? But the truth is that I can not argue with the logic that if we were not sad from time to time, how would we know what it is to be happy?

When people find out I’m in Sweden, the first comment has to do with the weather: the cold. Yes, it’s freaking cold, but as the Swedes say “there’s no bad weather, there’s only bad clothing.” My answer is always the same: the cold is boring, yes, but the worst is the darkness. I never thought it would affect me so much.

Most of the time, I’m not even sure why I’m upset or why I’m sad. Then, when I strip the reasons I end up realizing that I miss my parents, my friends, my animals, the sun! And it’s normal. I just have to know – and accept – that there are better days and worse days.

But there are some things we can do to make ourselves feel better. So here are some suggestions to create a quick fix for sadness.

– Call your parents and talk to them;
– Chat with your friends (messenger or similar still counts);
– See photos and videos of your animals (may cause even more nostalgia);
– Let someone hug you and tell you that you are not ruined and that it is normal to be sad;
– Take a shower and/or drink a cup of tea;
– Think about the good things you have, focus on the good (I know it’s not easy).

If you still are feeling in a bit of a rut, get your phone or tablet or computer and watch some funny videos on youtube. Or put a fun series on tv: Big Bang Theory is my secret. I choose a random episode and 25 minutes later I find myself smiling.

P.S. – There are no stupid reasons to be sad, or upset. O. taught me that everything we feel is valid and it is not to be judged by anyone.

P.S.S – often the toughest judges are ourselves. Be kind to yourself.

 

 

World project

A ideia remonta ao ano passado. Eu, com mais tempo, voltei a fazer perler/hama beads art, o que quer que lhe chamemos. Mas a sério, se alguém souber como é que isto se chama, por favor, digam-me! Porque no início – e porque em Portugal temos acesso a estas coisas pelo IKEA com o nome PYSSLA (que by the way quer dizer “artesanato”) – usava essa palavra para descrever a actividade, mas é mais específico do que isso…

Bem, mas a verdade é que o Oscar embrenhou-se comigo na actividade e o nosso vizinho Carl ofereceu-nos uma série de sacos de hama beads de diferentes cores. Resolvemos começar a pensar em fazer uma planificação do mapa mundo com hama beads.

Mas, como é comum nos projectos de grande envergadura, fomos empurrando com a barriga durante este tempo todo. Neste fim de semana, resolvermos agarrar o touro pelos cornos e voltámos a fazer a planificação.

Perdemos umas boas horas até encontrar uma boa imagem guia e outras tantas a encontrar uma app, programa ou site que a projectasse em pixéis. Para quem também se dá a este tipo de arte, ficámos apaixonados – e estamos a usar – o site: http://www.hikingdave.com/perlerDesign.htm. A grande vantagem que tem é que podermos escolher quantas placas estamos a usar, ou seja o projecto adaptou-se ao tamanho que nós procurávamos, em vez de estarmos nós a esticar os recursos para a imagem escolhida. Para além disso, ainda vos dá uma lista detalhada de cores e quantidade de beads. Podia ser suficiente, mas também vos mostra uma previsão do tempo dispendido no projecto. Querem saber qual é a previsão para o nosso mapa mundo? 13 horas.

O Oscar diz que conseguimos acabar em 7 dias. A questão é que estamos a fazer isto de forma casual, quando temos tempo e sobretudo quando nos apetece. Por isso, vamos ver quanto tempo vamos gastar. Para já, vamos em 2 dias.

Quem quiser acompanhar a aventura, pode serguir o instagram @crafty.tats ou o facebook: https://www.facebook.com/craftytats/


 

The idea came to us last year. I had more free time, so I started making perler / hama beads art, whatever we call it. But seriously, if anyone knows what this is called, please tell me! Because at the beginning – and because in Portugal we have access to these things by IKEA with the name PYSSLA (which by the way means “to craft”) – we used that word to describe the activity, but it’s more specific than that …

Anyway, the truth is that Oscar got involved with me in this activity and our neighbor Carl offered us a few bags of hama beads of different colors. So we decided to start thinking about creating a world map with hama beads.

But, as it is common in large-scale projects, we have been delaying it for all this time. This weekend, we decided to grab the bull by the horns and re-did the planning again.

We invested a few hours finding a good guide image and a few more to find an app, program or website that projected it in pixels. For those who also do this type of art, we fell in love – and end up using – the site: http://www.hikingdave.com/perlerDesign.htm. The great advantage is that we can choose how many panels we are using, so the project adapts to the size we were aiming for, instead of us stretching the resources because of the image. In addition, it still gives you a detailed list of colors and the amount of beads you are going to need. It could be enough, but it also shows you a prediction of the time you’ll spend on the project. Want to know what the prediction is for our world map? 13 hours.

Oscar says we are able to finish in 7 days. The thing is that we are doing this in a casual way: when we have the time and especially when we feel like it. So let’s see how much time we’re actually going to spend. For now, we are going on 2 days.

Anyone who wants to follow this adventure, can follow the Instagram @crafty.tats or facebook: https://www.facebook.com/craftytats/

Story Cubes #1

Uma das minhas prendas de natal foi uma das edições dos Story Cubes. Para quem não sabe, este é um jogo com 9 dados que mostram diferentes imagens pelas quais alguém se guia para contar uma história.

Eu experimentei usá-los para criar uma história. Como também queria experimentar escrever mais livremente em inglês, este texto foi construído em inglês, originalmente.

#1

A olhar pela janela, tudo o que conseguia ver era um vazio branco que não podia ser dissipado. Distraída, reviu a conversa com ele na sua cabeça… tantas palavras só para dizer algo tão simples: eu já não te amo.

Lembrou-se da luz que aquela floresta tinha. A luz do sol atravessava as árvores como uma cascata. Como poderia a natureza ser tão bonita quando o seu coração estava partido?

Enquanto caminhava em direção ao ponto de encontro, passou por uma fonte e viu um pastor a conduzir as suas ovelhas para o campo. Lembrou-se do quão abençoadamente serenas elas estavam, quão simples era a sua vida. Por meio segundo, desejou ser uma ovelha.

O avião começou a abanar e ela olhou em seu redor para ver se era a única pessoa que permanecia perfeitamente calma enquanto as máscaras de oxigênio caíam. Na verdade, ela estava apática. Não se sentia capaz de sentir, como se alguém tivesse carregado num botão. Imaginou então se fosse um génio matemático e ficou surpreendida por achar que seria difícil se tivesse de escolher as emoções que tinha de sentir. Ao pesar as duas opções na balança, concluiu que a matemática nunca tinha sido o seu forte.

De repente, percebeu que tinha as mãos frias. Enfiou-as nos bolsos e no lado direito, sentiu algo de metal. Ainda tinha a chave do apartamento dele. Não ia precisar mais dela, mas, por algum motivo, apertou-a na palma da mão enquanto a voz angustiada do capitão soava em todo o avião.


One of my Christmas gifts was one of the editions of Story Cubes. For those who do not know, this is a game with 9 dice that show different images by which you can guide yourself to tell a story.

I’ve tried using them to write a story. Since I also wanted to try to write more freely in English, this text was originally written in English.

#1

Looking outside of the window, all she could see was a white void that couldn’t be erased. She went over her conversation with him in her mind… so many words just to say one little simple thing: I don’t love you anymore.

She remembered how clear it was in the forest. The sunlight going through the trees like a waterfall. How could nature be so beautiful when her heart was breaking?

As she was walking towards the meeting point, she passed by a fountain and a shepherd leading his sheep to the field. She remembered how blessedly serene they looked, how simple their life was. For a half of a second there, she wished she was a sheep.

The plane started to shake and she looked around to see if she was the only one remaining perfectly calm as the oxygen masks fell down. In truth, she was just numb. She realized she couldn’t feel anymore like someone had switched a flip. She then proceeded to imagine how it would be if she was some kind of mathematical genius and she was surprised by thinking how hard it would be if she had to pick and choose her emotions by hand. When she weighed the two options on the scale, all things compared, she concluded that math had never been her forte.

Suddenly she realized her hands were getting cold. She slipped them into her pockets and in the right one, she felt something in metal. She still had the key to his apartment with her. And that’s all that was to it. She was not going to need it anymore, but for some reason, she held on to it while the distressed voice of the captain sounded all over the plane.

10 things that happen when you have braces

Pois é! Janeiro trouxe um novo ano e a mim trouxe-me uma armadura metálica nos dentes de baixo.

Fui ao dentista para saber porque é que as minhas gengivas sangravam em especial numa área. Descobri que o único dente torto que tinha estava a causar muitos problemas. Resolvemos tirar. Mas para tirar precisei de pôr aparelho para fechar o buraco que ficou e endireitar os vizinhos do falecido que já estavam cansados de o empurrar.

Eu não sou de me queixar (cof cof), mas respeito muito mais todas as pessoas que tiveram de usar aparelho quando eram mais novas. Em especial os que o usaram em toda a dentição e alguns com a armação exterior. Isto não é fácil. Descobrir que à beira dos 30 vou ter de conviver com esta armadura dentária não é algo que se espera.

Desde então aconteceram 10 coisas:

  1. os meus ésses soam assobiados e é uma gozaria para quem tem o mínimo de confiança comigo. (eu não me importo, mas se tivesse 5 anos aposto que seria considerado bullying!);
  2. a comida enfia-se no buraco e em todos (sem execpção) os brackets que tenho;
  3. passei a escolher a comida pela textura e moleza em vez de ser pelo sabor;
  4. dou por mim a ficar calada em conversas porque os brackets me começam a incomodar ao serem esfregados nas bochechas;
  5. descobri que a cera/silicone que há para cobrir os brackets e proteger as bochechas vai ser o meu maior aliado;
  6. dormir de lado na almofada já não é a posição mais confortável do mundo e babo-me muito mais durante a noite (sexy, hum?);
  7. lavar os dentes é um investimento de tempo e destreza muito maior;
  8. já tenho saudades de tudo o que é comida que não convém comer (pipocas!!);
  9. de cada vez que como algo com pedaços mais duros e encontro um pedacinho na boca penso que um bracket se soltou (mini-ataques de pânico a cada refeição);
  10. penso duas vezes antes de comer seja o que for, por causa da logística associada.

Enfim, toda a gente me diz que uma pessoa se habitua e eu acredito nisso. Vamos lá então!


Oh yeah! January brought a new year and with it came a metal armor to my lower teeth.

I went to the dentist to find out why my gums bleeded especially in one area. I found out that the only crooked tooth I had was causing a lot of problems. We decided to take it out. But to take it out I needed to put braces to close the gap that remained and straighten the neighbors of the lost tooth who were already tired of pushing him.

I’m not complaining (cof cof), but now I respect so much more everyone who had to use braces when they were younger. Especially those who used it in every tooth and some  even had an outer frame. This is not easy. Finding out that almost at the age of 30 I will have to live with this dental armor is somewhat unexpected.

Since then, 10 things have happened:

  1. My “s” sound whistled and anyone who has the least confidence with me gets to mock me. (I do not care, but if I was 5 years old I bet it would be considered bullying!);
  2. Food gets stuck in the gap and in all of the brackets that I have;
  3. I began to choose food by texture and softness rather than by taste;
  4. I find myself being silent in conversations because the brackets begin to bother me when they rub themselves on my cheeks;
  5. I discovered that the wax / silicone that exists to cover the brackets and protect the cheeks will be my biggest ally;
  6. Sleeping sideways on the cushion is no longer the most comfortable position in the world and I drool a lot more at night (sexy, huh?);
  7. Washing your teeth is a time investment and requires much greater dexterity;
  8. I already miss every food that I should not eat (popcorn !!);
  9. Every time I eat something with harder pieces and find a little piece in the mouth I think a bracket has come loose (I get mini-panic attacks at every meal);
  10. I think twice before eating anything, because of the associated logistics.

Anyway, everyone tells me that one gets used to it and I believe it. Let’s go then!